21 de abril de 2009
OS PESCADORES
Trindade Coelho
«A situação histórica de Raul Brandão contribui para tornar mais complexa a sua personalidade literária, já de si contraditória. Estreia-se sob o signo do naturalismo positivista -- mas depressa o rejeita, conquistado pela atmosfera cultural do fim-de-século, idealista, intuicionista, avessa ao rigor e descrente dos mitos da razão e da ciência. O simbolismo decadentista atrai-o, com a sua visão pessimista da realidade contemporânea, o seu apelo insistente à evasão pelo sonho, a afirmação de um tedium vitae que parece anunciar o fim de um mundo. Mas também aí não cabe ou não acha expressão adequada o que nele há de mais autêntico: a desgarrada ternura por tudo o que vive e sofre e a inquietação metafísica que o possui.»
Esther de Lemos em Biblos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa