12 de maio de 2009

Mais um desafio












Dêem uma vista de olhos pelas residências do operário e do pequeno empregado de Lisboa. Uma porcaria ignóbil nos quartos, as arcas sem roupa, o pé de meia sem economias. Intimamente, as famílias comem carapau, usam peúgas rotas, deixam a pequenada lazarar de escrófula e de imundície. Mas quase todos têm a sua sala, e andainas da moda com que disfarçar em público a sua condição modestíssima de vida.
[…] Porém, não é só pelos lados da economia e da moral que esta superfetação de luxo é deletéria.
Alguns imbecis a mais na penúria, alguns caloteiros a mais na falcatrua, tudo isto seria, no golpe de vista geral da vida portuguesa, mais pitoresco do que lastimável. Mas é que nos países pobres e imaginativos, o frenesi do brilhar leva o consumidor e o produtor à sofisticação de tudo. E isto é medonho!

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