21 de abril de 2009
SÓ
António Nobre
«A copiosa correspondência e os numerosos depoimentos memorialísticos dão bem a conhecer como na subsequente tensão entre existência e mitogenia, entre a realidade (depressa amarga e frustrante) e o sonho exaltante, entre o acutilante desengano e a crescente alucinação, foram envolvidos os domínios rurais de Entre Douro e Minho (..), a Leça ribeirinha (…), depois a contrastada experiência da “fútil coimbrice” e da “Coimbra-sem-par” (…) e a crise do trânsito de Coimbra para Paris (imediatamente motivada pelas duas reprovações em Coimbra, mas afinal determinante no advento do Só), tal como a atitude byroniana, os olhos cismáticos (…), o vestuário original, a apresentação excêntrica, os tiques bizarros, o gosto da solidão e os mal-entendidos de namoros às mãos de uma vivência do amor como motivo de exaltação pessoal e de embelezamento existencial.»
José Carlos Seabra Pereira em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa