5 de maio de 2009












ANTOLOGIA POÉTICA
Bocage


Bocage, poeta, nasceu em Setúbal, em 1765. Admitido na Marinha Real em 1783, três anos depois embarcou para Goa. Em 1789 desertou da guarnição de Damão, entusiasmado por aventuras amorosas. Desiludido, embarcou para Macau, de onde regressou a Lisboa, em 1790, levando uma vida de noitadas e boémia. Convidado, integrou a Nova Arcádia, adoptando o nome de Elmano Sadino, mas pouco tempo depois, nas suas Rimas, já satirizava o arcadismo dos seus colegas. Preso em 1797 por desregramento de costumes, foi sentenciado a receber doutrina dos Oratorianos. A partir de 1799, já em liberdade, passou a viver de traduções, revisões de provas, aperfeiçoamentos de obras alheias. Viria a morrer em 1805.
Esta Antologia ilustra bem o percurso poético de Bocage, a que Maria de Lourdes A. Ferraz se refere no artigo publicado em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa: «Os temas da poesia – amor, morte, glória e miséria do poeta – e os recursos formais, tanto quanto o gosto educado, a convenção, o artifício, revelam a sua formação neoclássica. Porém, tudo isto parece alterado por uma exacerbada consciência de si mesmo e pela paixão transbordante e frenética […], o que dá a alguma da sua poesia uma atmosfera romântica. Mas a aura romântica vem igualmente da insistência num individualismo libertário, numa certa libertinagem também, mas sobretudo, e mais explicitamente, num obsessivo egocentrismo: uma aguda consciência de que o “fado” não o transcende mas nasce dentro de si, da violência dos instintos, da original, porque diferente sensibilidade; por isso, só contra si tem de se revoltar.»

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